Abordagem robótica de fístulas urinárias
Tema:
UROLOGIA RECONSTRUTIVA / TRAUMA UROGENITAL
Palavras-chave:
Fístulas, cirurgia robótica, retouretral, vesicovaginal
Formato de apresentação
Apresentação Oral
A fístula vésico-vaginal, na maioria dos casos, é secundária a lesão iatrogênica da bexiga durante cirurgia ginecológica benigna. Pode, ainda, ser secundária ao tratamento de doenças malignas e após irradiação pélvica.
Embora sejam as mais comuns do trato urinário, não há consenso sobre a melhor modalidade de tratamento, nem o tempo ideal para o reparo. A conduta conservadora com cateterismo vesical prolongado é restrita a fístulas pequenas, limpas e sem irradiação prévia. O tratamento cirúrgico ainda é abordagem mais utilizada para as pacientes.
As duas vias mais comumente utilizadas são as transvaginais e transabdominais abertas. Métodos minimamente invasivos como laparoscópica e robótica aparecem em terceiro lugar. Quando analisadas as taxas dessas últimas, se aproximam de 99%, maiores que as anteriores, entretanto sem diferença estatisticamente significativa. Não houve diferença, também, em relação à taxa de sucesso entre o procedimento precoce e tardio, considerando um intervalo de 12 semanas.
Em virtude do pequeno número de casos abordados por via robótica na literatura, nenhuma recomendação pode ser atribuída ao método até então.
A fístula retouretral adquirida é uma condição rara cuja principal causa é a prostatectomia radical na qual menos de 1% dos pacientes evoluem com a complicação. A maioria desses casos é resultado de lesão retal inadvertida e não identificada no intraoperatório. Habitualmente, localiza-se na anastomose vesicouretral.
Fístulas maiores de 2 centímetros e irradiação são fatores de mau prognóstico.
O diagnóstico é realizado através da cistoscopia e retossigmoidoscopia que permitem visualizar o trajeto fistuloso. Uretrocistografia retrógrada e miccional são ferramentas importantes para determinar o tamanho e a localização da fístula, visando melhor planejamento cirúrgico.
A conduta conservadora consiste no cateterismo vesical prolongado, dieta pobre em resíduos associado ou não a desvio do trânsito intestinal. O tempo esperado até o fechamento espontâneo da fístula é até 12 semanas. Entretanto, a maioria evolui para tratamento cirúrgico.
Inúmeras abordagens foram descritas na literatura, mas as quatro principais são transperineal, transesfincteriana, transanal e transabdominal. Essa última é ainda subdividida em aberta, laparoscópica e robótica.
A correção da fístula por via abdominal é a menos comum e utiliza geralmente retalho de omento ou peritônio. A via robótica apresenta dados escassos na literatura, limitados a poucos relatos de caso, porém com excelente taxa de sucesso.
Descrevemos dois casos operados através da plataforma robótica, com acesso transabdominal e incisão transvesical com fechamento da fístula vesicovaginal (no primeiro caso) e retouretral (no segundo caso) com interposição de retalho de omento. Ambos os pacientes evoluíram de forma satisfatória sem complicações no período pós operatório