Burned out de tumor testicular - relato de caso
Tema:
URO ONCOLOGIA
Palavras-chave:
Burned-out, seminoma, retroperitôneo
Formato de apresentação
Pôster Eletrônico (e-poster)
Os tumores de células germinativas, em homens, são originários majoritariamente dos testículos. Apenas 1 a 2% surgem em localização extragonadal, principalmente mediastino e retroperitôneo. O subtipo histológico não seminomatoso é o mais comum. Habitualmente acometem pacientes do sexo masculino em torno da terceira década de vida cujos sintomas são tardios, associados à compressão pelas grandes massas retroperitoneais.
Relato do Caso: Masculino, 33 anos, procurou pronto atendimento em função de dor lombar. Durante propedêutica com ultrassonagrafia foi identificada lesão nodular sólida em topografia de retroperitôneo com 6 centímetros no maior diâmetro. Prosseguiu investigação com tomografia computadoriza e ressonância magnética que evidenciaram lesão sólido-cística retroperitoneal de 6,5 centímetros, em íntimo contato com a parede lateral da veia cava inferior infrarrenal. Realizada ultrassonografia de bolsa escrotal que descartou alterações testiculares. Foi proposta e realizada a ressecção da lesão retroperitoneal por via laparoscópica robô assistida. O ato transcorreu sem intercorrências, com a retirada do tumor da veia cava inferior. O tempo cirúrgico de console foi de 90 minutos e o volume de sangramento foi de 30 mililítros. O paciente evoluiu satisfatoriamente e recebeu alta hospital transcorridas 24 horas do procedimento cirúrgico. O exame anátomo-patológico sugeriu neoplasia metastática de células germinativas com margens cirúrgicas livres.
Discussão: A origem da neoplasia germinativa de retroperitôneo ainda é incerta. Duas teorias são atualmente aceitas: falha na migração das células germinativas durante embriogênese na linha média dorsal ou metástases de neoplasias primárias testiculares que sofreram processo de burned out. A localização lateral à linha média poderia sugerir um tumor secundário a neoplasia primária testicular.
Pequenas alterações ultrassonográficas podem ser identificadas e variar de alterações focais de ecogenicidade, cicatrizes intratesticulares, atrofia e calcificações. Diferente da histologia habitual de uma fibrose secundária a processo inflamatório/infeccioso, nesses casos a análise microscópica evidencia corpos hematoxifílicos, pigmentação por hemossiderina e depósitos de fosfato de cálcio que indicam neoplasia e morte celular.
O tratamento preconizado é a remoção cirúrgica da massa retroperitoneal e, a cirurgia robótica, apresenta-se como modalidade de escolha. A tecnologia permite a realização do procedimento com baixa morbimortalidade, caracterizada principalmente pelo baixo volume de sangramento, desospitalização e retorno às atividades habituais mais precoce.
Após a excisão cirúrgica e confirmação histológica da neoplasia, o tratamento padrão é a quimioterapia à base de cisplatina, etoposídeo e bleomicina por 3 ciclos quando o tumor é de bom prognóstico. Caso seja de prognóstico intermediário, serão considerados 4 ciclos. Não há indicação, atual, para radioterapia neste cenário.