CISTITE ENFISEMATOSA: APRESENTAÇÃO EM PACIENTE NÃO-DIABÉTICA, IMUNOSSUPRIMIDA
Tema:
INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO
Palavras-chave:
Doenças da Bexiga Urinária; Infecções Urinárias; Cistite; Diabetes Mellitus.
Formato de apresentação
Pôster Eletrônico (e-poster)
Introdução: A cistite enfisematosa (CE) é considerada uma complicação de infecção do trato urinário (ITU), caracterizada pelo acúmulo de gás nos espaços intra e perivesical. Está associada à presença de bactérias fermentadoras de glicose ou lactato, em pacientes diabéticas com controle irregular. Seu diagnóstico precoce é mandatório para a implementação das medidas terapêuticas adequadas e depende da suspeição clínica fundamentada nos principais fatores de risco, uma vez que se trata de entidade pouco frequente. Relato de caso: Paciente WTE 68 anos, hipertensa e portadora de carcinoma de mama recidivado com implante metastático em região cerebelar. Admitida proveniente de internação em outra instituição com três semanas de evolução, em contexto de pancitopenia atribuída ao uso de palbociclib. Evoluiu com trombose venosa profunda safeno-femoral unilateral sendo optado por implante de filtro de veia cava. Transferida para seguimento propedêutico de pancitopenia persistente, com proposta de biópsia medular. Paciente sem queixas urinárias prévias, acamada, hemiparesia secundária a lesão expansiva metastática do Sistema Nervoso Central. A tomografia de abdome da admissão evidenciou bolhas gasosas perivesicais e de permeio à parede e pequena quantidade de líquido livre pélvico, sem indício de oclusão arterial. Urocultura da internação com isolamento de Escherichia coli. O diagnóstico de CE foi firmado com maior probabilidade diante do contexto de imunossupressão, dos achados tomográficos compatíveis e do isolamento em cultura de agente etiológico provável. Foi definido cateterismo vesical de demora e antibioticoterapia, além de suporte com ênfase em conforto pelas equipes assistentes. Contrarreferenciada à instituição de origem a pedido da família. Discussão: A CE é uma patologia rara, pouco documentada, capaz de gerar complicações graves se diagnosticada tardiamente. Tem como agentes mais comuns Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. O desafio diagnóstico se dá pela apresentação usual sintomatológica pouco específica, com achados semiológicos usuais de cistite, porém com evolução desfavorável potencial por progressão subsequente para sepse grave. O diagnóstico preciso depende da indicação de propedêutica de imagem direcionada pela suspeição clínica de ITU complicada. O caso em questão apresenta a peculiaridade da apresentação em paciente não-diabética, porém com fatores imunossupressores pelo uso de inibidor CDK4/6, além de disfunção miccional secundária à progressão de doença de base. O tratamento da CE deve contemplar a utilização de antibióticos de amplo espectro, drenagem vesical e controle clínico de comorbidades predisponentes. Em casos mais graves, o tratamento cirúrgico para desbridamento, cistectomia total ou parcial é indicado.