FEOCROMOCITOMA BILATERAL: UM RELATO DE CASO.
Tema:
URO ONCOLOGIA
Palavras-chave:
Feocromocitoma
Neoplasia Endócrina Múltipla
Adrenalectomia
Formato de apresentação
Pôster Eletrônico (e-poster)
INTRODUÇÃO: Feocromocitomas são tumores de células cromafins produtoras de catecolaminas e derivados, originados na medula adrenal. É raro e acomete 1-2 casos para cada 100 000 indivíduos/ano. A maioria é de ocorrência esporádica e unilateral. Quando bilaterais, recorrentes e com diagnóstico precoce, sugere a associação com síndromes genéticas, como von Hippel Lindau (VHL), NEM II e neurofibromatose tipo I. CASO CLÍNICO: Feminino, 61 anos, diabética, hipertensa e hipotireoidea com massa adrenal bilateral, apresentava quadros paroxísticos de palpitações e sudorese. Submetida a tireoidectomia parcial por carcinoma papilar. Ao exame, sem estigmas sindrômicos, FC 88 bpm e PA 140/80mmHg. Avaliação metabólica com elevação de catecolaminas urinárias, sem alterações de cortisol urinário, aldosterona ou atividade de renina plasmática. TC de abdômen com lesão nodular à direita de 18x15mm com washout absoluto de 38%, e à esquerda de 20x13mm com whashout absoluto de 20%. Indicada adrenalectomia laparoscopica transperitoneal após α-bloqueio, sendo realizada abordagem unilatera. Após 8 semanas de cirurgia, persistia sintomática e com catecolaminas urinárias elevadas. O anatomopatológico (AP) corroborou o diagnóstico de feocromocitoma, optou-se então, pela adrenalectomia contralateral, cujo AP evidenciou também feocromocitoma. A paciente foi encaminhada à avaliação para investigação de síndromes genéticas. DISCUSSÃO: Feocromocitomas são tumores benignos, sendo 33% de ocorrência familiar e 66% de ocorrência esporádica, quando tende a ser unilateral e se manifestar entre a 4ª e 5ª década de vida, enquanto nos casos familiares tendem à bilateralidade e se manifestam mais precocemente. O risco de malignidade é de cerca 5% nos casos esporádicos, podendo atingir 11% nos casos familiares. O diagnóstico é baseado na avaliação clínica, laboratorial e de imagem, havendo uma grande heterogeneidade no quadro clínico devido às diferentes combinações de sintomas. Na avaliação por imagem, destacam-se a TC e a RNM, sendo que a TC apresenta maior sensibilidade para detecção de tumores nas adrenais e a RNM apresenta maior sensibilidade para localizar sítios de produção extra-adrenais. Os achados tomográficos da paciente sugerem baixa probabilidade de adenoma adrenal rico em gordura, ressaltando a importância da avaliação metabólica realizada. A literatura destaca a importância da cintilografia com meta iodobenzilguanidina, principalmente na investigação de sítios extra-adrenais, de elevação das catecolaminas sem evidência tomográfica de lesões ou quando há feocromocitoma recorrente. O tratamento é eminentemente cirúrgico e o adequado preparo pré-operatório deve-se realizar com equipe multidisciplinar, atentando-se à função cardíaca deviso aos efeitos das catecolaminas sobre esse sistema. É recomendado um bloqueio α-adrenérgico no mínino 15 dias. Atualmente, a via laparoscópica é a escolhida para a abordagem cirúrgica dos feocromocitomas, com baixa mortalidade pós- operatória.