VIGILÂNCIA ATIVA DE CÂNCER DE PRÓSTATA: ANÁLISE DOS PACIENTES EGRESSOS DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE (SERVIÇO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS)
Tema:
URO ONCOLOGIA
Palavras-chave:
Câncer de Próstata; Vigilância Ativa;
Formato de apresentação
Pôster Eletrônico (e-poster)
Introdução: O câncer de próstata figura entre as principais neoplasias que acometem os homens. Com os avanços no rastreamento do câncer de próstata, os diagnósticos de cânceres em estágios estágios iniciais, de evoluções indolentes e com baixo risco de progressão, aumentou. Os tratamentos curativos (prostatectomia radical ou radioterapia) podem acarretar elevada morbidade, como disfunção sexual, erétil e alterações intestinais, impactando sobremaneira a qualidade de vida dos pacientes. A vigilância ativa consolidou-se como uma forma de tratamento ativo, visando evitar tratamento curativo de imediato em pacientes selecionados que possuem baixo risco de progressão da doença, retardando assim os efeitos danosos à qualidade de vida dos homens afetados. Iniciado junho de 2018, o programa de Vigilância Ativa da Santa Casa de Belo Horizonte já incluiu 95 pacientes, excluindo os pacientes em watchful waiting.
Resultados: A 22 pacientes da VA (23,15%) foi indicado tratamento ativo, 16 foram submetidos à Prostatectomia Radical e 2 encaminhados para a Radioterapia. A média de idade dos pacientes foi de 67 anos e a média de tempo entre a indicação do tratamento e a realização do mesmo foi de 55,31 dias para Prostatectomia Radical e 81 dias para se iniciar a Radioterapia. Os motivos que levaram a saída do paciente da VA: Progressão da doença na biópsia (61,1%), elevação de PSA (22,21%) e desejo do paciente (16,66%). Dentre as vias de acesso para tratamento cirúrgico, 9 pacientes foram submetidos à Prostatectomia Retropúbica (60%), 5 submetidos à Prostatectomia Laparoscópica (33,3%) e Prostatectomia Perineal em 1 paciente (6,7%). Os resultados do estudo anatomopatológico da peça cirúrgica dos 16 pacientes submetidos a prostatectomia radical evidenciaram: Adenocarcinoma Gleasson 3+4 (ISUP 2) em 15 pacientes (93,75%). Apenas 1 paciente (6,25%) manteve, em relação à biópsia pré-cirúrgica, com Adenocarcinoma Gleasson 3+3 (ISUP 1). Invasão perineural esteve presente em 13 peças cirúrgicas (81,25%) e 2 pacientes (12,5%) tiveram margem cirúrgica uretral comprometida. Nenhum paciente teve acometimento das vesículas seminais. A maioria dos pacientes ficou com continência preservada (13 pacientes, 81%), 2 (13%) ficaram com incontinência leve e 1 (6%) ficou com incontinência severa até o momento da escrita deste trabalho. Com relação à capacidade de ereção no pós-operatório, 73% dos pacientes ficaram com ereção satisfatória, a maioria (67%) necessitando de medicação que auxilia a ereção (inibidores da fosfodiesterase 5 - IPDE5). Quatro homens (27%) ficaram impotentes, mesmo fazendo uso de IPDE5.
Conclusão: A experiência da vigilância ativa do câncer de próstata na Santa Casa de Belo Horizonte tem se mostrado uma realidade possível de ser executada, com resultados oncológicos e funcionais semelhantes à de outras coortes internacionais, mostrando ser possível conduzir programas de vigilância ativa em instituições do nosso Sistema Único de Saúde.